A mentira, embora condenada socialmente em suas diversas formas, muitas vezes permeia sutilmente nosso dia a dia. Justificamos algumas mentiras como uma forma de manter a paz social, como quando elogiamos o cabelo da colega, mesmo quando não está tão bonito. Essas 'mentirinhas' podem evitar ofensas desnecessárias, alegrar o próximo, e ainda proporcionar uma convivência mais pacífica. Mas, apesar das boas intenções, enganar o próximo não é uma conduta íntegra. Nesse contexto, surge a questão: se não é íntegro enganar o próximo, seria íntegro enganar a nós mesmos?
O autoengano, é resultado de um processo mental em que aceitamos como verdadeira uma informação que sabemos ser falsa, é uma forma comum de mentira para si mesmo. São as mentiras que contamos para nós mesmos e que se tornam verdades. É a ilusão de que tudo está bem mesmo quando se está à beira do precipício. É um mecanismo inconsciente de autodefesa, uma fuga da verdade que nos amedronta.
Quando a verdade é dolorosa demais, nosso inconsciente a despreza e a mentira a substitui. Esse tipo de comportamento pode surgir quando queremos evitar dor, sofrimento, frustração, entre outros sentimentos.
Quando mentimos para nós mesmos? Quando por exemplo, atribuímos ao outro a responsabilidade por nossos problemas, quando criticamos o comportamento alheio acreditando sermos melhores, quando nos refugiamos em vícios para fugir da realidade, quando desprezamos algo por não conseguirmos alcançá-lo, ou quando condenamos certas pessoas ou atitudes como autodefesa por apreciarmos secretamente aquilo que criticamos.
Não há um ser humano, que não tenha enfrentado algum tipo de problema. Enfrentar a realidade tal como ela se apresenta é importante, pois mascarar os problemas não é solução. O autoengano não nos conduz a uma saída. Como afirmou Giannetti: “O autoengano não está no esforço de cada um em parecer o que não é. Ele reside na capacidade que temos de sentir e de acreditar de boa-fé que somos o que não somos.
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