Pular para o conteúdo principal

Popularidade versus preconceito


Na minha adolescência, eu adorava assistir aos filmes típicos de adolescentes que retratavam a vida escolar com suas rivalidades e histórias de amor complicadas, especialmente das tramas em que o galã da escola se apaixonava pela "nerd feia" que, no desenrolar do enredo, se transformava em uma pessoa deslumbrante. 

 

Esses filmes geralmente mostram a divisão entre diferentes grupos: as garotas populares, bem-vestidas e deslumbrantes; os hippies, os nerds, os religiosos, os esportistas, entre outros. Embora torcêssemos pela "nerd feia" enquanto assistíamos a esses filmes, secretamente desejávamos fazer parte do grupo das populares e deslumbrantes. 

 

Com o passar dos anos e a transição para a fase adulta, percebemos que a vida muitas vezes reflete essas divisões de grupos. As pessoas tendem a procurar e se identificar com determinados grupos, o que pode levar a conflitos e isolamento. Esses conflitos têm o potencial de prejudicar significativamente a vida pessoal, social e profissional de um indivíduo. 

 

Na fase adulta, muitas pessoas parecem não compreender que aquelas divisões de grupos eram características da adolescência e acabam mantendo essa visão em relação às pessoas e aos grupos. Tornam-se pessoas preconceituosas.

 

Imagine um profissional que é preconceituoso em relação à raça, à orientação sexual ou à religião de seus colegas de trabalho. Esse tipo de postura pode interferir significativamente em seu desempenho profissional. Profissionais preconceituosos tendem a não desenvolver ética profissional, pois quando discordam das escolhas de seus colegas, passam a persegui-los, dificultando seu trabalho com o objetivo de prejudicá-los. Atitudes como estas afetam negativamente a produtividade e a qualidade do trabalho em equipe.

 

No colegial, os integrantes do grupo das populares frequentemente são vistos como pessoas más, que não apenas buscam seus objetivos, mas também tentam impedir que os outros alcancem os seus. São indivíduos que não se dedicam aos estudos, fazem acepção de pessoas ao escolherem seus amigos e parceiros, e geralmente têm um comportamento preconceituoso, recusando-se a aceitar opiniões diferentes das suas e procurando sempre um bode expiatório para assumir a culpa por suas falhas.

 

No entanto, no ambiente de trabalho, os profissionais populares são geralmente vistos de forma positiva. São pessoas dedicadas, que buscam realizar um bom trabalho e alcançar seus objetivos, além de estarem disponíveis para ajudar os colegas quando necessário. São indivíduos humildes, que não fazem acepção de pessoas e se relacionam bem com todos, independentemente de raça, cor, religião, classe social ou orientação sexual. 

 

Eles entendem que a diversidade é enriquecedora, pois as diferenças entre os seres humanos proporcionam aprendizado mútuo. São abertos a opiniões, reconhecem que as pessoas ao seu redor estão ali para somar, são bons ouvintes e estão totalmente abertos a diferentes pontos de vista. Nunca se consideram donos da razão e, quando cometem erros, são profissionais o suficiente para assumir a responsabilidade.

 

É interessante observar que muitos indivíduos que eram populares no colegial tendem a manter o mesmo comportamento no ambiente de trabalho, acreditando que isso os manterá "populares". Geralmente, são profissionais apadrinhados, que alcançaram cargos ou posições por meio de indicação ou apadrinhamento. 

 

O mais irônico é que os "nerds" não populares geralmente dominam o mercado de trabalho. Eles entendem que a popularidade não vem sem esforço, dedicação, humildade, respeito mútuo e, acima de tudo, competência. Nem todos os profissionais populares são excelentes profissionais, mas todos os excelentes profissionais são populares.

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha do filme mãos talentosas

Mãos Talentosas retrata a vida de Ben, um menino pobre, negro, que não tinha muita chance de crescer na vida, ou seja, de se tornar um homem bem-sucedido. Ben sempre tirava notas muito baixas na escola e por conta disto era altamente criticado pelos colegas, fazendo com que ele se sentisse como uma pessoa burra, e assim desenvolvendo um temperamento muito agressivo. A mãe de Ben sempre acreditou no potencial de seu filho, incentivando-o a estudar, a trocar a TV por bons livros, a não desistir, pois acreditava que o filho teria um futuro totalmente diferente do seu. Através do esforço, incentivo e dedicação da mãe, Ben chegou a ser o melhor aluno da sala. Cresceu e conseguiu alcançar o seu objetivo, não só se tornou médico, mas o melhor neurocirurgião do mundo. Quando comparamos o filme ao universo do coaching, logo podemos perceber o poder da Programação Mental Positiva, exercida pela mãe de Ben, que o ensinava todo o tempo a materialização dos seus pensamentos, ou seja, fazendo com qu...

Nosso poder de decisão

Em certos momentos de nossas vidas, nos deparamos com desafios que parecem nos sobrecarregar. Nossas escolhas podem parecer equivocadas, e a vida se apresenta ainda mais difícil. Nestes momentos de incerteza, é natural ansiar por alguém com quem possamos compartilhar nossas dúvidas e inquietações, alguém que nos oriente ou simplesmente nos ouça.   A necessidade de sermos ouvido é profunda, mas será que estamos nos abrindo com as pessoas certas? Será que elas estão aptas a nos orientar de maneira adequada?   Essas perguntas nos fazem questionar quem realmente está no controle de nossas vidas. Permitir que terceiros decidam por nós pode ser um grande obstáculo para nosso sucesso. Reconhecer esse tipo de comportamento é um passo importante, pois nós somos as pessoas mais aptas a identificar os nossos problemas e as mais interessadas em resolvê-los. Portanto, é fundamental aprender a escutar a nossa própria voz interior, ouvir o que nosso coração diz, o que nossa razão orienta e...

Aprendendo a orar com as formigas

Outro dia, vi uma formiga que carregava uma enorme folha. A formiga era pequena e a folha devia ter, no mínimo, dez vezes o tamanho dela.  A formiga a carregava com sacrifício. Ora a arrastava, ora a tinha sobre a cabeça. Quando o vento batia, a folha tombava, fazendo cair também à formiga. Foram muitos os tropeços, mas nem por isso a formiga desanimou de sua tarefa. Eu a observei e acompanhei, até que chegou próximo de um buraco, que devia ser a porta de sua casa.Foi quando pensei: “Até que enfim ela terminou seu empreendimento”. Ilusão minha. Na verdade, havia apenas terminado uma etapa.    A folha era muito maior do que a boca do buraco, o que fez com que a formiga a deixasse do lado de fora para, então, entrar sozinha. Foi aí que disse a mim mesmo: “ Coitada, tanto sacrifício para nada.” Lembrei-me ainda do ditado popular: “ Nadou, nadou e morreu na praia.” Mas a pequena formiga me surpreendeu. Do buraco saíram outras formigas, que começaram a cortar a folha em peque...